Em matéria publicada hoje (14/04) no Estadão pelo premiado repórter Daniel Weterman, que participou das coberturas que desvendaram o orçamento secreto, a emenda Pix, as irregularidades cometidas pelo ministro das Comunicações, Juscelino Filho, e o descontrole no orçamento do Ministério da Saúde, ele informa que o Ministério da Fazenda e Secretaria do Tesouro Nacional - STN, preferiram não comentar a dificuldade do Estado Brasileiro em se financiar com papéis da dívida pública, diante de sua própria má gestão.
Há quatro meses, o governo Lula vende títulos da dívida pública com vencimento aproximado em dez anos a uma taxa real (descontada a inflação) acima de 7%, algo gravíssimo visto durante a calamitosa gestão Dilma Roussef (PT), entre 2015-2016, que resultou em seu impeachment.
TROCANDO EM MIÚDOS PARA ENTENDER
Quando o governo gasta mais do que arrecada, que é o caso atual do governo Lula, uma medida utilizada é aumentar a dívida para se financiar. Então o governo vende títulos da dívida pública, porém quanto maior a taxa desses papéis, maior o prêmio cobrado pelo mercado financeiro, sinalizando que os agentes não acreditam em melhora da situação no horizonte.
Exemplo: O Tesouro IPCA (NTN-B), que paga juros mais a inflação, com vencimento em 2032 foi vendido a uma taxa média real de 5,45% nos primeiros leilões do ano passado, atingiu 6% em abril e superou 7% no dia 3 de dezembro. Depois dessa data, só operou acima de 7%. No último dia 1º, o papel foi vendido a 7,84%. O mesmo movimento ocorreu com o título com vencimento em 2035, vendido a uma taxa média de 7,57% no dia 8.
GESTÃO DILMA ROUSSEF
Essa questão econômica é algo significativo não apenas para o momento histórico da economia brasileira, mas também foi um ponto crítico da crise do impeachment da ex-presidente Dilma Roussef (PT).
No segundo governo Dilma, as taxas médias para títulos semelhantes efetivamente vendidos pelo Tesouro Nacional ficaram acima de 7% entre agosto de 2015 e fevereiro 2016, caindo apenas no mês seguinte, quando o mercado avaliou que o impeachment contra a então presidente seria aprovado no Congresso Nacional.
“Naquela época, o Brasil teve várias crises juntas e o mercado tinha uma incerteza muito grande sobre a política fiscal porque não tinha a magnitude de quanto eram as pedaladas”, afirma o ex-secretário do Tesouro e head de macroeconomia do ASA, Jeferson Bittencourt.
ANALISTAS AVALIAM QUE O GOVERNO ABANDONOU A AGENDA DE CORTE DE GASTOS
Em dezembro, o governo Lula concluiu o pacote de corte de gastos, esperado pelo mercado financeiro. Na visão de analistas, foi ali que o setor econômico consolidou o entendimento de que a gestão petista não faria um ajuste suficiente para manter o arcabouço fiscal em pé e sanar o déficit das contas públicas.
Conforme o Estadão mostrou, o governo começou a ter mais dificuldade para vender títulos e as taxas atingiram recordes, expondo a desconfiança dos investidores e uma cobrança por medidas efetivas de controle de despesas.
GOVERNO LULA PENSANDO APENAS NA ELEIÇÃO 2026
Daqui pra frente, o governo Lula focar em aumentar a isenção do Imposto de Renda, lançar medidas de crédito e tentar impulsionar a economia pelo consumo das famílias, já olhando para a campanha presidencial de 2026.
“O governo já demonstrou que a reeleição é mais importante do que arrumar a casa”, diz Julio Ortiz, CEO da Cx3 Investimentos.
Por Rafael Alves - R1 Palmas, com recortes do Estadão
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