Na noite da sexta-feira, 27, o dia em que ocorreu a nova fase da ‘Operação Sisamnes’ em Palmas que resultou na prisão do prefeito de Palmas, José Eduardo (Podemos), o jornalista Rafael Miranda do Jornal Primeira Página recebeu ameaças após a publicação de uma reportagem.
A delegada aposentada Millena Coelho Jorge Albernaz, esposa do desembargador Marcelo Velasco Nascimento Albernaz, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que é irmão do policial civil preso na operação Marco Augusto Velasco Nascimento Albernaz, fez uma ligação telefônica direta ao jornalista exigindo a retirada imediata do seu nome e do nome do marido, que também já atuou como juiz federal no Tocantins.
Ainda de acordo com relato do jornalista Rafael Miranda, a cunhada do policial preso fez reiteradas ameaças e intimidações enfatizando continuamente sua condição de delegada aposentada e a posição do esposo como integrante da alta magistratura. Ao longo de cinco minutos de conversa que foi gravada pelo jornalista, ela utilizou termos ofensivos para descrever a reportagem, classificando-a como “maldade”, “veneno”, “sujeira” e “irresponsável”. A delegada aposentada repetiu pelo menos sete vezes ameaças de processar o jornalista e o Jornal Primeira Página.
A reportagem do Jornal Primeira Página foi elaborada com informações de interesse público e revela o vínculo familiar entre o policial civil Marco Albernaz, preso na operação da Polícia Federal, e seus parentes, também servidores públicos com atuações no Poder Judiciário e na Segurança Pública.
O texto publicado na sexta-feira, 27, já havia feito questão de esclarecer, de forma explícita, que nem o desembargador Marcelo Albernaz nem sua esposa, a delegada aposentada Millena Coelho, foram alvos ou mencionados na investigação deflagrada pela Polícia Federal.
A Federação Nacional dos Jornalista (FENAJ) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Tocantins (Sindjor-TO) manifestaram repúdio às ameaças e intimidações sofridas pelo jornalista Rafael Miranda. Veja ao final da matéria a Nota de Repúdio.
O R1 Palmas manifesta solidariedade ao jornalista Rafael Miranda e ao Jornal Primeira Página que há 40 anos atua de maneira brilhante e com responsabilidade no Tocantins e aguarda que providências sejam tomadas pelas autoridades policiais visando coibir qualquer tentativa de cerceamento da livre atuação do jornalismo e seus profissionais.
NOTA DE REPÚDIO DA FENAJ E SINDJOR/TO
AMEAÇAS AO JORNALISTA RAFAEL MIRANDA E AO JORNAL PRIMEIRA PÁGINA
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Tocantins (Sindjor-TO) vêm a público manifestar repúdio às ameaças, intimidações e tentativas de censura dirigidas ao jornalista Rafael Miranda e ao Jornal Primeira Página, por parte da delegada de polícia civil aposentada Millena Coelho Jorge Albernaz.
Na noite da última sexta-feira, 27 de junho de 2025, após a publicação da reportagem intitulada “Policial preso com Eduardo Siqueira Campos é irmão de desembargador federal em Brasília”, a delegada aposentada, esposa do desembargador Marcelo Velasco Nascimento Albernaz, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), realizou uma ligação direta ao jornalista Rafael Miranda, exigindo, de forma agressiva e bastante alterada, a retirada imediata de seu nome e do nome de seu esposo, que também já foi juiz federal no Tocantins, da referida matéria jornalística.
Durante a ligação, que durou mais de cinco minutos e foi gravada pelo jornalista Rafael Miranda, a delegada aposentada utilizou tom de voz alto, agressivo e intimidador, não permitindo argumentos com o profissional da imprensa, mencionando sua condição de policial civil aposentada e a do seu esposo como desembargador federal, além de afirmar, por sete vezes, que processaria o jornalista e o veículo de comunicação.
Millena Coelho utilizou ainda expressões ofensivas para desqualificar o trabalho jornalístico, chamando-o de “maldade”, “veneno”, “sujeira” e “irresponsável”, e exigiu, em três momentos distintos, a remoção dos nomes e imagens da reportagem, reafirmando constantemente o trabalho ilibado dela e do seu esposo nas suas funções públicas.
Logo após a ligação, ainda na noite da sexta-feira, 27, um Boletim de Ocorrência e pedido de representação criminal foram registrados por Rafael Miranda contra a delegada aposentada Millena Coelho Jorge Albernaz, na 1ª Central de Atendimento da Polícia Civil do Tocantins, em Palmas-TO, com o áudio contendo a gravação da ligação e as ameaças e intimidações anexado ao processo.
A matéria publicada pelo Jornal Primeira Página se baseou em informações apuradas com responsabilidade e relevância jornalística, trazendo à tona o grau de parentesco entre Marco Velasco Nascimento Albernaz, policial civil preso durante a Operação Sisamnes, e seus familiares com trajetória em cargos públicos no Poder Judiciário e na Segurança Pública: seu irmão, desembargador federal, e sua cunhada, delegada de polícia civil aposentada.
Ressalta-se que a reportagem fez questão de destacar, de forma clara, que nenhum dos familiares de Marco Albernaz foi citado ou mesmo alvo da operação da Polícia Federal da última sexta-feira, 27.
A tentativa de intimidação, especialmente partindo de uma autoridade policial aposentada, representa um grave ataque à liberdade de imprensa e ao exercício do jornalismo independente — pilares fundamentais da democracia. A FENAJ e o Sindjor-TO alertam que atitudes como essa não apenas ferem o livre exercício profissional, como também contribuem para o fortalecimento de um ambiente hostil à atividade jornalística, com potencial de fomentar a censura e o medo.
Reafirmamos nossa solidariedade ao jornalista Rafael Miranda e ao Jornal Primeira Página, veículo de comunicação pioneiro e tradicional, com 40 anos de atuação, bem como nosso compromisso intransigente com a defesa da liberdade de imprensa, da ética jornalística e do direito da sociedade à informação.
-Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)
-Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Tocantins (Sindjor-TO)
Palmas, 30 de junho de 2025
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