Promotores de Nova York apresentaram nesta segunda-feira (09/12) uma acusação de homicídio contra o suspeito pelo assassinato do executivo da UnitedHealth, Brian Thmpson, em um ousado tiroteio que desencadeou em uma caçada que encerrou com sua captura na Pensilvânia.
A AÇÃO ENCERROU CINCO DIAS DE BUSCAS.
O acusado, identificado como Luigi Mangione, 26 anos, foi preso em Altoona, Pensilvânia, após ser avistado por um cliente e um funcionário em um McDonald's, que acreditaram que ele se parecia com o atirador. Segundo autoridades em uma coletiva de imprensa, dois policiais o abordaram dentro do restaurante e perguntaram se ele havia estado recentemente em Nova York. Mangione começou a tremer e permaneceu em silêncio, relataram os policiais. Ele usava máscara, estava sozinho e tinha consigo um laptop e uma mochila.
Uma busca na mochila, realizada na delegacia, revelou uma "arma fantasma" preta — uma arma de fogo montada a partir de peças, tornando-a impossível de rastrear — carregada com um pente e um silenciador. Autoridades da Pensilvânia informaram que tanto a arma quanto as roupas e a máscara eram semelhantes às usadas pelo assassino.
ACUSAÇÕES CONTRA MANGIONE.
Mangione foi levado ao tribunal do condado de Blair, em Altoona, para sua audiência na noite de segunda-feira, onde foram lidas acusações de porte ilegal de arma e falsificação. Questionado pelo juiz se entendia as acusações, ele respondeu afirmativamente
Promotores de Nova York apresentaram uma acusação de homicídio e quatro acusações relacionadas a armas contra Mangione, de acordo com registros judiciais.
Promotores da Pensilvânia, citando identidades falsas e uma grande soma de dinheiro encontrada com Mangione, argumentaram que ele apresentava risco de fuga e solicitaram que a fiança fosse negada, o que foi aceito. Diversos dispositivos eletrônicos também foram apreendidos com o suspeito e estão sendo analisados pela polícia.
Policiais da Pensilvânia informaram que estão investigando se Mangione tinha cúmplices e se pretendia matar outras pessoas. Eles disseram que ele esteve na Pensilvânia por vários dias e estão rastreando seus movimentos e ações no estado.
MAIS DETALHES DO CASO.
Mangione, natural de Maryland, possuía múltiplas identidades fraudulentas, incluindo uma falsa de Nova Jersey, compatível com a usada pelo atirador para se hospedar em um albergue em Manhattan dias antes do tiroteio. Um documento manuscrito encontrado com Mangione revelou informações sobre sua motivação e estado mental, segundo a comissária da Polícia de Nova York, Jessica Tisch.
Embora o documento não mencionasse alvos específicos, Mangione demonstrava ressentimento contra "as corporações americanas", conforme afirmou Joseph Kenny, chefe de detetives da NYPD.
Mangione formou-se em uma escola particular só para meninos em Baltimore como orador da turma em 2016, antes de concluir dois diplomas de engenharia em 2020 na Universidade da Pensilvânia, uma instituição da Ivy League. Seu último endereço conhecido era em Honolulu, segundo as autoridades.
Brian Thompson, de 50 anos, foi morto a tiros em frente a um hotel em Manhattan na manhã de quarta-feira por um homem mascarado que parecia estar esperando por sua chegada. O suspeito fugiu do local de bicicleta, entrando no Central Park, e foi visto em imagens de segurança saindo do parque e pegando um táxi até uma estação de ônibus no norte de Manhattan, onde a polícia acredita que ele embarcou para fugir da cidade.
A polícia acredita que Thompson foi alvo deliberado e está investigando se outras pessoas também estavam em risco. Frases como "negar", "defender" e "depôr" estavam gravadas nos cartuchos encontrados na cena do crime. Essas palavras remetem ao título de um livro de 2010 crítico à indústria de seguros: Delay, Deny, Defend: Why Insurance Companies Don't Pay Claims and What You Can Do About It (Atrasar, Negar, Defender: Por que as Seguradoras Não Pagam Reivindicações e o Que Você Pode Fazer Sobre Isso).
Um perfil no Facebook atribuído a Mangione o identifica como nativo de Towson, Maryland, e ex-aluno da Universidade da Pensilvânia. Fotos sugerem que ele também esteve na Universidade de Stanford usando roupas com a marca da instituição. Uma conta na rede social X, aparentemente pertencente a Mangione, indicava que ele vivia em Honolulu, Havaí.
O assassinato de Thompson gerou uma onda de frustração entre os americanos, muitos dos quais já enfrentaram recusas de seguros de saúde, custos inesperados ou aumentos em prêmios e cuidados médicos, tendências que vêm crescendo, segundo dados recentes.
O governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, em uma coletiva de imprensa ao lado de promotores e policiais em Altoona, reconheceu as frustrações de alguns americanos indignados com as seguradoras de saúde e suas recusas de cobrir tratamentos. No entanto, ele condenou qualquer glorificação do suspeito observada em algumas discussões online.
"Nos Estados Unidos, não matamos pessoas a sangue frio para resolver diferenças políticas ou expressar opiniões", afirmou Shapiro.
Thompson, pai de dois filhos, era CEO da UnitedHealth Group desde abril de 2021, integrando a empresa há 20 anos. Ele estava em Nova York para participar da conferência anual de investidores da empresa.
"Esperamos que a captura de hoje traga algum alívio para a família, amigos e colegas de Brian, além de todos os afetados por essa tragédia indescritível", disse um porta-voz da UnitedHealth.
Fonte: Reuters
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